A floresta natural e nativa, ou autóctone, de Portugal é composta por uma grande variedade de árvores, arbustos e muitas outras plantas. O termo autóctone é sinónimo de nativo ou indígena, isto é, diz respeito a seres vivos originários do próprio território onde habitam.(Confragi, 2006). As árvores mais frequentes são por exemplo o medronheiro, o zambujeiro (ou oliveira brava), os carvalhos incluindo a azinheira e o sobreiro. Árvores já muito raras são o azevinho e o teixo. Como exemplos de árvores junto aos cursos de água, ou ripícolas, temos o amieiro, a bétula, o freixo, os choupos, o salgueiro e o ulmeiro. Arbustos típicos são por exemplo o pilriteiro (ou espinheiro) e a aroeira.
Segundo a FAO (Food and Agriculture Organization), uma floresta corresponde a uma área com mais de 0.5 ha, grau de cobertura arbórea (copas) superior a 10-30% e com árvores cuja altura, naquele local e na maturidade, tenha potencial para atingir 2 a 5 metros. Inclui também zonas integradas na área florestal que estejam temporariamente desarborizadas, mas para as quais é expectável a reconstituição do coberto florestal.
Cerca de 38% do território continental português é constituído por área florestal, representando uma mais-valia efectiva na conservação da Natureza e da Biodiversidade, na produção de oxigénio, na fixação de gases com efeito de estufa (dióxido de carbono), protecção do solo e manutenção do regime hídrico (Pereira et al., 2004). Para além do seu valor ambiental, grande parte das áreas de bosques autóctones são componentes importantes no pastoreio de percurso de ovinos, na actividade apícola e no suporte aos cogumelos silvestres. Caracterizam-se por uma elevada densidade florística que proporciona importantes locais de refúgio e reprodução para grande número de espécies autóctones de fauna, contribuindo para o estado e evolução populacional de espécies como o Corço, o Javali e o Lobo dependem em grande medida da existência e estado de conservação destas manchas florestais.
Os carvalhos autóctones, que constituem apenas 4% da nossa floresta actual, não possuem qualquer protecção legal, apesar da sua elevada importância ecológica pela diversidade de vegetação e de fauna silvestre que albergam.
Infelizmente, a área ocupada pela floresta natural no nosso país tem vindo a diminuir de forma constante e, desde há 500 anos, de forma drástica, devido à ocupação de terrenos para a agricultura, a pastorícia e monocultura de árvores, como o pinheiro e o eucalipto, devido ao fogo, etc. O grande declínio das nossas florestas acentuou-se na época dos Descobrimentos devido à construção naval, época em que foi iniciada uma política de arborização composta essencialmente por pinheiro-bravo, espécie bem adaptada e de rápido crescimento, que culminou com a criação dos Serviços Florestais e a política florestal do Estado Novo transformando as nossas serras em imensos pinhais. A partir de 1975, aumentam vertiginosamente os fogos florestais e, na sequência desta devastação, tem-se assistido à ocupação sistemática por eucaliptos e acácias.
Da opulenta e grandiosa floresta pós-glaciária, imensa selva que revestiu o globo há muitos milénios atrás, bem se pode dizer que apenas hoje subsiste mesquinho e transfigurado espólio. Em nenhum outro património natural se exerceu, com tão grande amplitude, o poder destrutivo do homem; e ao contemplarmos hoje os mesquinhos e arruinados vestígios da esplendorosa floresta primitiva, quase acreditamos que os passos da humanidade, no envolver dos milénios, foram alumiados pelos trágicos clarões da floresta incendiada, [...] pelo ecoar lúgubre dos golpes de machado e pelo ruir pungente dos esbeltos gigantes vegetais, vítimas de fúria insana de devastação e de pilhagem (J. Vieira Natividade, s/d). Sem a devida protecção legal, não se conseguirá travar o desaparecimento desta importante e singular floresta autóctone - os carvalhais portugueses.
Floresta Autóctone A preservação de muitas das espécies autóctones passa, também, pela sua utilização na recuperação de áreas ardidas; como elementos de descontinuidade nos povoamentos de monoculturas; como espécies de bordadura nos povoamentos; na protecção dos leitos das linhas de água e nos jardins e espaços verdes. E, todavia, os Portugueses não se mostram muito conhecedores das espécies autóctones e da sua adequação aos meios que as viram nascer, prosperar e perdurar (Valente de Oliveira, 2006). “Esperamos que todos saibam reconhecer o valor das florestas naturais de Portugal para que as futuras gerações ainda as possam conhecer e usufruir delas” (Quercus, 2004).